QUARESMA
- fernandovilaronga
- 12 de fev. de 2016
- 6 min de leitura

A Igreja entra em um tempo que nos convida à conversão e mudança vida: a Quaresma. Tempo em que somos provocados a entrar no deserto, exercitar o silêncio, o jejum, a oração; tempo de mergulhar dentro de si para poder encontrar com o eu que precisa de mudanças, revelando ao outro a face do Cristo: irmão, amigo, Senhor... Esse tempo também é de construir pontes de unidade e fraternidade expressando o caráter evangélico querido para cada um de nós por Cristo.
Somos provocados a deixar ser atraídos e conduzidos a um lugar secreto pelo Senhor, para dEle, escutar a voz que não para de chamar: vem filho amado! Vem descansar! Somos ainda provocados a exalar o cheiro do perfume que atrai o outro a Cristo, assim, como aquela mulher de Betânia, que naquele jantar, quebrou o vaso de alabastro e derramou o perfume de nardo puro na cabeça de Jesus (conf. Mat 26,6-13). Somos chamados nesse tempo, a quebrar o vaso de nossos apegos materiais, declarando assim nossa pertença ao Senhor, e expressando o arrependimento dos pecados cometidos.
Por aquele gesto, a mulher foi duramente criticada. Seremos nós também, incompreendidos pelos atos de quebrantamento de coração, de arrependimento diante do Senhor, do deixar tudo para segui-Lo, isso, muitos não compreenderão. E os provocadores são aqueles que estão mais próximos, justo o que aconteceu com Jesus, os discípulos ficaram indignados com o gesto nobre daquela mulher e disseram: “Para que este desperdício? Poder-se-ia vender este perfume por um bom preço e dar o dinheiro aos pobres.” (8-9).
Pelo que as pessoas geralmente procuram a Deus?
Elas procuram a Deus nas tragédias humanas. Quando uma forte chuva inunda cidades, um terremoto de grandes proporções destrói casas e prédios, os seres humanos se lembram de Deus.
Elas procuram a Deus quando são vítimas da injustiça. Quando a guerra explode entre os povos, centenas e milhares são perseguidos, expulsos de suas terras, pais perdem seus filhos, e filhos os seus pais, quando a tortura e a impiedade avançam sem que ninguém se importe, a voz da raça humana se ergue para o céu.
Elas procuram a Deus quando precisam de milagres. Quando há apenas uma única chance para a vida, e essa chance depende de um milagre, então lá está o homem à procura de Deus.
É por isso que você sempre encontra um homem, do tipo que está sempre ocupado demais com seu trabalho, seu lazer, seus negócios, em algum altar, de alguma capela de hospital, clamando a um Deus desconhecido, um Deus desprezado nos bons momentos, pedindo pela vida de um filho, da esposa, de um pai, de uma mãe.
Mas não é isso que acontece em Betânia?
Não há ali catástrofes da natureza, ou perseguição pela guerra ou mesmo um pedido de milagre.
Maria está sendo levada ali por um amor avassalador. É um amor que toma a alma humana e literalmente a derrete.
Na verdade a alma daquela mulher não pode mais reter a força daquela admiração, não pode suportar a torrente daquela paixão, não pode mais resistir um momento sequer a força daquele amor que consome a sua alma. Ela precisa ir até Jesus e extravasar isso.
Quando o nosso coração já não suporta mais o peso do seu pecado e é aliviado da opressão da sua iniquidade pelo poder purificador do sangue de Cristo; quando a alma humana sente as torrentes do perdão divino arrebentando as fortalezas da condenação, o resultado é AMOR, um amor Extravagante.
Vejam esta história:
Certo homem voltava de uma viagem de negócios e quis levar uma lembrancinha para a sua esposa que o esperava em casa. Entrou numa perfumaria no Aeroporto e pediu uma colônia.
A atendente prontamente lhe trouxe uma essência muito suave.
- Quanto custa?
- Apenas 50 reais, senhor.
- Moça, por acaso você teria alguma coisa mais barata? Disse o homem...
Então ela lhe trouxe um creme hidratante que custava 30 reais.
- Está muito bom, mas eu estava pensando em alguma coisa mais em conta!
A atendente voltou com um xampu de cabelo que custava 15 reais.
Mas ele pediu algo ainda mais em conta. Daí ela trouxe um batom que custava pouco mais de 5 reais. O homem olhou o batom e disse:
- Olha, o batom tudo bem, mas será que você conseguiria alguma coisa bem barata mesmo?
A atendente parou um pouco, olhou o cliente, então tirou debaixo do balcão um espelho e colocou na mão dele.
Parece engraçado, mas é assim que muitos filhos de Deus se apresentam diante dele – com presentes baratos. Eles oferecem a Deus, trazem a migalha da sua atenção, a migalha da sua dedicação, a migalha do seu tempo, a migalha do seu dinheiro. E ainda querem que Deus lhes dê tudo do bom e do melhor.

Alguns ficam na comodidade de suas “seguranças” isso certamente faz esquecer o outro, tornando-se indiferentes aos seus problemas e sofrimentos. E ainda questionam àqueles que são ousados na fé.
O Alabastro era um pote feito de uma pedra somente encontrada nas imediações de uma cidade Egípcia chamada Alabastron. Era semelhante ao mármore, mas era mais maleável e facilmente se modelava os potes de perfumes. (http://www.significados.com.br/?s=alabastro)
O nardo era um bálsamo feito da raiz de uma planta da Índia (Nardostachys jatamansi) que crescia nas montanhas do Himalaia. Os árabes a chamavam de “cravo indiano”. Não era apenas a distância, mas a raridade da planta que tornava o nardo caríssimo e tão procurado. (http://www.significados.com.br/nardo/)
O alabastro e o nardo oferecido por Maria a Jesus talvez tenha sido o presente mais caro que Jesus recebeu em todo o seu ministério. Alguns estudiosos, com base no cálculo de Judas, que avaliou o presente em 300 denários, (1 denário=um dia de serviço da época) chegam a calcular, a preço de hoje, entre 15 e 20 mil dólares, cerca de 60 mil reais. Você ofereceria a Deus um presente desses? Isso é amor extravagante meu caro!
O amor não calcula meticulosamente menos ou mais. Não se preocupa em saber quão pouco pode ser decentemente oferecido. Se deu tudo o que tinha, então deu o mundo inteiro, e ainda seria pouco.
Mas agora, eu quero lhe mostrar a maneira como esse presente foi oferecido. “...e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.”
Se ela tivesse derramado apenas umas gotas – eles diriam:
- Oh, vejam quanto amor ela tem pelo Mestre!
Se ela tivesse derramado apenas a metade do Nardo e guardado a outra metade, talvez tivessem dito:
- Oh, vejam que dedicação, nunca vimos algo semelhante a isso!
Não, Maria quebrou o gargalo do vaso e derramou completamente o balsamo sobre a cabeça de Jesus. Por isso disseram:
- Que desperdício!
Veja, não apenas o presente foi caro, mas foi dado sem retorno. Jamais seria reutilizado o vaso de alabastro e nem o seu perfume.
Concluo minha mensagem deste mês lhe questionando algumas coisas e com uma pequena história:
• Quando foi a última vez que você foi quebrantado pela Palavra de Deus?
• Quando foi a última vez que sua alma se derramou na presença do Senhor?
• Quando foi a última vez que você demonstrou legitimamente o grau de consciência da sua dívida com Deus?
• Quando foi a última vez que você realmente se importou com o que o Senhor Jesus sente, e não com o que você precisa?
Maria apresentou-se para alegrar o coração de Jesus, não para arrancar algum benefício para sua própria vida. Só que antes de quebrar o vaso de alabastro, ela precisou quebrar a si mesma, oferecer a si mesma. Talvez esteja faltando isso em você: fazer-se oferta ao Senhor, não apenas dá de seus bens
Veja o que uma criança fez:
Uma missionária na ilha do Sul do Pacífico, explicava para algumas crianças que o costume de dar presentes no natal era uma expressão de amor que lembrava o grande presente de Deus ao ser humano: Jesus Cristo.
Dias depois, um menino daquela ilha veio à casa da missionária com um cesto de palha, e disse:
- Eu te amo e quero te dar um presente! Então imediatamente tirou do cesto a mais linda concha que ela jamais vira.
A missionária emocionada agradeceu pois sabia que aquela concha somente era encontrada do outro lado da ilha, quase meio dia de caminhada. Ela então disse:
- Por que você teve que ir tão longe para achar essa concha?
O garoto sorriu e disse: - A longa caminhada faz parte do presente!
Fonte: http://www.diocesepalmares.org/#!quaresma/czl6
Por Erivaldo Santos
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